Ano de escolaridade: 1.º ano.

Isto passou-se há muitos anos, quando eu ainda era professora titular no 1.º Ciclo do Ensino Básico. Tinha uma turma de 1.º ano de escolaridade. Nesse ano, resolvi fazer uma reunião com os pais todos os meses, para os ir pondo a par do que se passava, sobretudo na questão da iniciação à leitura e à escrita.

Na primeira reunião, entreguei um papel com as datas das reuniões do 1.º Período, salvaguardando que iria sempre relembrar, antes de cada reunião, e que, se houvesse necessidade de alteração, avisaria com alguma antecedência.

Os pais de um aluno disseram-me que, como tinham um restaurante e ambos trabalhavam nele, não conseguiriam estar presentes nas reuniões depois das aulas, por estarem em preparativos para servir o jantar. Combinei que arranjaríamos outros momentos para falarmos, sempre que necessário (é para isso que serve o horário de atendimento...). O assunto ficou arrumado. 

Uns tempos mais tarde, estava na sala com os alunos e, já não sei porquê, falávamos sobre a presença ou ausência dos pais na reunião na véspera, que tinha sido segunda-feira. O dito aluno disse:

- Os meus pais faltaram.

Eu retorqui:

- Sim, eu sei. Os teus pais não podem vir por causa do restaurante.

A resposta foi rápida:

- À segunda-feira o restaurante está fechado!

Ano de escolaridade: 1.º.

Tinham andado a falar dos ditongos. A professora tinha-lhes dito que alguns ditongos existem sozinhos (eu, ai, ou,...), mas que outros há que não, e tinham listado palavras com esses ditongos ("õe" como em põe, limões,...).

Numa aula, diz um miúdo (chamado Manuel, se não me falha a memória):

- Pois, professora, esses ditongos são os que não sobrevivem sem a ajuda das outras letras! [ainda não sabe que se chamam consoantes]

[Episódio contado por uma colega.]

Ano de escolaridade: 1.º.

Para pendurar alguma coisa na parede, a professora sobe para cima de uma mesa. Diz logo uma criança:

- Cuidado, professora! A mesa pode-se partir! Não aguenta com o peso!

Professora: Estás a dizer que eu sou gorda?

Criança: Não, não!

[Episódio passado com uma colega que tem algum peso a mais, mas nada que partisse uma mesa!]

Ano de escolaridade: 1.º.

Aluna: Professora, tu és linda. Professora, tu és um anjo!

Outra criança: Cala-te - tu só dizes essas coisas quando a professora se zanga contigo!

[Episódio passado na sala de aula de uma colega.]

Ano de escolaridade: 1.º.

Aluno, a meio de um trabalho coletivo, em alto e bom som: Quem deu um pum?

Eu: Estás a perguntar isso porquê? Tu deste?

Aluno, sorrindo: Eu di!

[Novo aproveitamento de post do "Alheia". Espero que não se importem.]

Ano de escolaridade: 1.º, na fase inicial de aprendizagem da leitura.

Estávamos a escolher, de entre uma longa lista de palavras sugeridas por eles e começadas pela letra "A", algumas para serem ilustradas. Eu ia dizendo as palavras pela ordem em que estavam escritas no quadro, e para cada uma, os alunos diziam se dava ou não para desenhar e decidia-se quem é que o iria fazer, quando dava.

Eu: Avião. Dá para desenhar?
Alunos: Siiiimmm!
Eu: Quem quer fazer este desenho? [um aluno oferece-se]

Eu: Ásia. Dá para desenhar?
Alunos, menos um (Rui M.): Nãããão!
Rui M.: Mas a Ásia dá para desenhar. Faz-se assim um país...
Eu: É verdade que a Ásia dá para desenhar, mas é muito complicado... Além disso, a Ásia não é um país, é um continente!... Sabes o que é um continente?
Rui M. [muito rápido na resposta]: Sei! É uma loja!

Nota: Na falta de episódios novos, aproveitei um post antigo, de há mais de cinco anos (no "Alheia a tudo... ou talvez não!"), relatando um episódio passado em 1998.